Os factos que se seguem são da inteira irresponsabilidade de quem os praticou, e qualquer semelhança entre, os personagens desta estória e as pessoas que se escondem por detrás do anonimato bloguístico são puramente fantasia e inacreditável coincidência.
Vamos só para facilitar as coisas chamar PWFH a um dos personagens deste relato e vamos chamar Outro ao outro.
Ás 18:00 h de um dia quente de Sto. António PWFH recebe um telefonema do Outro, que num tom eufórico diz que tem um programa surpresa para a noite de Santos populares. “Assim uma cena em grande” rugiu com entusiasmo!
-Hummmm, cheira-me a esturro, vindo deste gajo, coisa boa não é de certeza. Escusado é dizer que, mesmo com este pensamento, PWFH saiu em passo apressado para a casa do Outro ali numa transversal da Av. Do Brasil.
Chegado à casa do Outro PWFH dispara:
-Mostra lá isso, até tenho medo!
O outro, com um sorriso tipo Jack Nicholson em “The Shining”, empunhava balançando nos dedos amarelados do tabaco uma chave de um carro.
-Âhhhhhh, os teus avós deram-te um caro! Nãããããã, ainda só temos 17 e nem tens carta! Onde é que sacaste essa merda? Indagou PWFH já quase certo de que a resposta não lhe iria agradar.
-Anda aqui à janela! Ordenou o Outro apontando para um Mini branco estacionado do lado de lá da estrada. Vamos sair naquilo logo à noite! Acrescentou decidido.
Era um bom programa. Arriscado dado que nenhum deles tinha carta, idade ou experiência para conduzir, e que era uma noite de Santos populares em Lisboa (Além de que até à hora da decisão nenhum de nós pensou sequer em que estaríamos a gamar um carro). A inconsciência venceu!
Já dentro do carro e ainda de dia decidiram entre eles que seria o Outro a conduzir, já tinha conduzido duas vezes o Honda Accord do Avô, estava mais que habilitado para a tarefa que se seguia! O pequeno bólide pegou à primeira e antes que o Outro arrancasse PWFH ordenou em tom de aviso:
-Pá, nada de fazer merda, tentar cumprir as regras de trânsito, andar devagar e não dar muita bandeira!
Logo no primeiro semáforo alaranjado antes da entrada na Av. Do Brasil alguma atrapalhação e aceleração para ainda passar no vermelho.
-FODA-SE meu, disse para irmos com calma e não fazer merda! Gritou PWFH já a prever a viagem atribulada.
O Outro, com ar de quem não estava a brincar, e com a cara mais cadavérica que lhe foi alguma vez vista, informa PWFH que passou o vermelho porque mesmo com uma valente pisadela no pedal o carro não obedeceu. A descer a avenida, os dois sem reacção, o mini a embalar, os semáforos a avermelhar e toda a cidade à volta em buliço com os preparativos para a grande noite……….. PÂNICO.
PWFH desbloqueia e pensa numa forma de parar aquela máquina diabólica, que decerto os iria levar a mau porto, “O travão de mão”, em simultâneo os dois pares de olhos olharam com desejo de salvação para a pequena alavanca, que não se sabe bem porquê se encontrava na posição contrária aquela que um carro em andamento deveria ter. Nada feito. Estes dois estavam condenados a passar os dois vermelhos seguintes, a quase atropelar gente e colidir com quem, pasmado parava nos cruzamentos para os deixar passar naquele bólide desgovernado. (Estes três parágrafos resumem-se a 10 segundos de má condução e de aperto.)
Eis que no resultado da aflição PWFH do lado do pendura vê uma pequena janela de salvação, aliás não era bem janela, era mesmo o portão aberto do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) que mostrava um belo relvado que com certeza iria fazer parar aquela ameaça sobre rodas. Mão de PWFH no volante, o Outro sem perceber muito bem a ideia alinhou no plano e em centésimos de segundo, galgaram o passeio por entre duas árvores falharam por metros a entrada para o LNEC e embicaram de frente em grande estilo no muro da propriedade.
Atordoadíssimos e abençoados por uma caga gigante que permitiu que as portas dos dois lados abrissem, piraram-se em grande bisga por entre gargalhadas nervosas por terem saido intactos daquele embrulho de lata. Pararam ofegantes em terreno seguro ali para os lados do Bairro de Alvalade e brilhantemente decidiram trocar de camisolas (O que estava de verde passou a azul, e o de azul, a verde. Brilhante, não?) para não serem confundidos com os delinquentes vistos a fugir do local do embate.
A noite dos Santos foi das melhores, e ainda voltaram ao local do crime para ver o cenário que a polícia lá tinha montado. Riam por trás da sebe, um de azul o outro de verde e vice-versa, observando as manobras do reboque e as ordens do barrigudo de bigode.
No dia seguinte PWFH recebe um telefonema do Outro a informá-lo de que o mini estava de novo em frente de casa, com a chave na ignição e que pertence a um stand de motas que o usa para guardar lugar de estacionamento para pôr de manhã as motas da parte de fora da loja.
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23 comentários:
moço!! que história, ahahahaha. como é que sobreviveram ao embate? nunca ninguém descobriu que foram vocês? o público exige saber.
o público também exige mais histórias como estas!
O embate deu-se aí a uns 80Km/h e a única coisa certa que tínhamos feito essa noite foi por os cintos de segurança. E nunca ninguém descobriu quais os dois delinquentes de verde e azul que causaram tal apronto.
Brutal!!!
Pá, se voltares a ter 17 anos outra vez, dá-me uma apitadela que eu também quero!
E vou de vermelho, que é para complicar ainda mais a descoberta dos meliantes.
fabuloso! não consigo esconder um certo sentimento de inveja que tenho ao ler este texto...
É de embates a 80 Km/h contra muros como estes que se fazem as grandes pessoas.
Aposto que o Outro era o Gandhi ou assim.
Na altura em que ele ainda vestia de verde.
O Outro (já não o vejo aí há uns 10 anos) ou está morto ou preso! Se nenhuma destas hipoteses estiver certa e se ele ler isto que entre em contacto. Mas não sei se será bom para o mundo voltar a juntar o duo dinâmico!
Ia dizer que parecia o GTA e só então reparei que era esse o título. És o Tommy Vercetti, pá.
Uau, grande aceleração! A troca de roupa foi uma ideia de génio, os tipos barrigudos nunca vos conseguiriam apanhar mesmo que o quisessem.
A minha vida é tão triste…
Melhor seria um vestir encarnado e o outro carmim. Nenhum polícia barrigudo os detectaria!
Estás na boa quanto ao carro. Já prescreveu.
esta estória é mitica!
A troca de camisolas está realmente brilhante!!!
Lolei tão alto que até o meu cão se assustou (achei importante partilhar, que não é qualquer coisa que acorda este canídeo).
17 anos, pá ... já nem me lembro!
Conta mais, PWFH!
Não me digas que este outro é o mesmo outro da história da janela...Quando se juntavam era sempre hora do pombo?
Como te invejo, no máximo posso contar histórias de juventude que vi em filmes de teens e apropriar-me delas. Nessa altura, tinha a mobilidade reduzida com umas cenas de metal nas pernas, mas um dia quando vinha a caminho de casa, fui parada por um monte bullies e milagrosamente comecei a correr na bisga, enquanto a minha amiga gritava "corre cblues, corre". Nesse dia, a cara de cristo também me apareceu numa torrada - foi um dia do caraças!
CBlues,
Ahahahah! Lindo!E depois compraste uma empresa de maçãs, certo?
"my name's blues, cblues. you want a chocolate?"
Sim lexandra, depois comecei a receber chamadas de um weirdo qualquer a dizer que sabia o que eu tinha feito no verão anterior e o camandro. Achei estranho porque me certifiquei, antes de ligar a câmara que não estava mais ninguém na masmorra. Agora que penso bem, quando viemos embora, cruzamo-nos com um tipo taaaaão démodé...Gabardinas amarelas usavam-se no verão de 2006. Puff!
A, "life is like a box full of candy". Does A want some candy?
Cblues para além da gabardina não tinha um abre-caricas em vez de mão?
espera lá cblues... eras tu que usavas a gabardine, não eras?
Poderia ser facilmente confundido com um abre caricas - nessa altura ainda não tinha comprado o formão para a manicure. É uma altura de que não me orgulho, porque cheguei a causar lesões internas na minha professora de Geografia uma vez que me virei de repente. Depois falei com o meu primo, o Wolvas, que me deu umas dicas para parar de assassinar inadvertidamente pessoas que se cruzavam comigo.
A, era miúda, achava que a cor amarela me favorecia, acreditava que os homens eram principes montados em cavalos brancos, que o George Michael era hetero...
...que o michael jackson ia viver para sempre.
Nem fales. Daqui exactamente a uma semana estarei no palco a dançar The way you make me feel sem tutu mas com sapatilhas. Provavelmente desatarei num pranto a gritar "Não! Não! Ele vive! Ou está congelado!"
I have a dream.
- Sonho que um dia a expressão "saca-cricas" seja incluída no dicionário da Porto Editora.
Para poder dizer "estás a ver, filhote, foi o papá que inventou."
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